quarta-feira, março 14, 2007

O encontro de pererecas.


A minha amiga resolveu passar o feriado de carnaval numa praia do litoral norte. Ela disse que a casa que eles ficaram era rodeados de mato, e bichos, por todos os lados. Fora os mutucas, os pernilongos e borrachudos da vida, ela ainda viu por lá uma cobra. Não muito grande, mas era uma cobra. Mas impressionante mesmo era a quantidade de pererecas daquele lugar.

Bom, depois de quatro dias de sussegância naquele paraíso, chegou à hora de voltar pra casa. Entraram no carro e subiram a serra.

Mas o que ela não esperava era trazer por engano, um pequeno souvenir da praia. No meio da serra, enquanto dirigia, ela sentiu alguma coisa fria e gosmenta encostando na sua perna. Como ela estava dirigindo pediu para a filha, que estava sentada no banco do passageiro abaixar e dar uma olhada. Com a cabeça quase que enfiada no meio das pernas da mãe, a menina já começou a berrar:

- É uma perereca! É uma perereca!

Depois da descoberta da passageira clandestina no carro, aquilo virou um pandemônio. Era uma gritaria só. Da mãe, da filha e da avó, que estava sentada no banco traseiro. O único que ainda tentava manter o equilíbrio ali era o filho dela, um menino baixinho de treze anos.

Segurando um pedaço de papel higiênico, ele se jogou por cima das pernas da mãe, e tentou sem sucesso, pegar a perereca. Mas já era noite, estava escuro e mesmo com aquele luzinha em cima do espelho, a iluminação não era suficiente. Aliás, a luzinha acesa serviu para que todas as pessoas dos outros carros, assistissem eles protagonizando uma cena bizarra ali dentro do Uno 147. Quem passava por eles, só conseguia enxergar três mulheres de feições horrorizadas e um par de pernas (do menino) sacudindo no ar.

A minha amiga nem sabe como, mas aos poucos foi conseguindo levar o carro para a pista da direita para que pudesse estacionar assim que encontrasse um acostamento. Mas o medo dela era que a bichinha pulasse no seu colo, entrasse embaixo da sua saia e acontecesse sei lá, um encontro de pererecas! Aliás, todas elas usavam saia naquele dia, e se ela não desse um jeito de estacionar logo aquele carro, aquilo lá poderia virar até uma convenção de pererecas!

Pararam no acostamento, e assim que abriram a porta do carro a perereca pulou atordoada no asfalto e desapareceu no meio dos outros carros. Refeitas do susto, entraram no carro para continuarem a viagem de volta.

Mas com certeza, a única que provavelmente nunca mais será a mesma, depois daquela noite, é a coitada da perereca...

2 comentários:

Darlan M Cunha disse...

Já no início da história (ou estória ?) tressuei imaginando um desfecho talvez macabro, mas bons fluidos advindos de uma boa técnica narrativa compensou logo o meu temor para com o futuro de tão simpática criaturinha - sem falarmos, óbvio, nas outras protagonistas da história (ou estória ?).

Anônimo disse...

Marcinha, eu sempre dou muitas risadas com as suas estorias.....
beijo grande, bom fim de semana.