Pra quem não sabe, eu uso óculos. Quer dizer, eu deveria usar, mas não uso. Ele fica muito mais tempo na minha bolsa do que do meu rosto. Desde o início eu relutei um pouco em usa-lo porque eu sempre ouvi de outras pessoas que a gente vicia neles e no final não consegue enxergar mais nada se não estiver de óculos.
O meu maior medo quando fui renovar minha habilitação é que ela viesse carimbada "obrigatório o uso de lentes corretivas" mas o médico foi camarada comigo e deixou eu fazer o teste sem óculos e concluiu de livre e espontânea piscada ;) que eu não precisava deles o tempo todo, mas me fez uma recomendação: Use sempre durante a noite, principalmente se for dirigir. Claro que no auge da felicidade eu concordei, mas usar mesmo que é bom, nada!
Mas tenho reparado que de uns tempos pra cá, o negócio está cada dia mais crítico. Não vou nem contar das diversas vezes que cruzo com uns cabras no meu caminho, que vem todo sorrateiro rindo pro meu lado e eu respondo aos sorrisos acreditando que os conheça e só vou perceber meu engano quando estou bem pertinho...
Mas o pior mesmo, aconteceu na semana passada.
Eu estava voltando do trabalho, já aqui na rua de casa, quando vi o gato da minha vizinha parado no parapeito da janela do quarto. Só que o problema é que a casa dela é um sobrado, e embora tenha aquelas histórias de que gato tenha sete vidas, fiquei com pena do bichano. Ele não consegui entrar, porque o vidro da janela estava fechado e eu imaginei que o coitado estivesse lá esperando aparecer alguem para abrir o vidro para ele entrar.
Eu estava super cansada, mas resolvi parar e tocar a campainha da casa e avisar a mulher. Afinal, eu adoro bicho e se existisse uma versão feminina do São Francisco de Assis, essa versão com certeza seria eu.
Quando a mulher chegou perto do portão eu já fui avisando: Olha, só toquei aqui pra avisar que seu gato está ali na janela. Acho que ele está esperando alguem abrir a janela pra ele entrar.
A mulher olhou pra janela, depois olhou pra mim e disse: Ahh muita obrigada, mas aquele não é meu gato, é a minha almofada que eu coloquei ali pra tomar sol.
Eu não tava entendendo nada, mas forçando a vista e olhando novamente para o gato insisti: Claro que é seu gato siamês! Tô vendo até o rabo dele se mexer!
E ela continuou: Não é não. Meu gato siamês tá ali na sala. Aquela é minha almofada bege de franjinhas.
Depois dessa não tinha muito o que argumentar né? Pedi desculpas e sai de fininho...
Agora tô aqui convencida de que preciso mesmo usar meus óculos, pelo menos á noite como o médico falou. Ou torcer para o horário de verão chegar por aqui mais cedo.
É mesmo! Quando chega o horário de verão por aqui?
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