segunda-feira, julho 19, 2004

Afeto, o melhor tônico.




Dr. Salomão A Chaib

Muita gente vive preocupada com a possibilidade de falta de vitaminas e minerais em seu organismo, daí o consumo fantástico e abusivo de tônicos e fortificantes de efeito duvidoso, quase sempre inúteis, a não ser em casos de desnutrição. Poucos se preocupam com uma doença muito difundida, que acomete pessoas de todos os níveis sociais e qualquer idade, cuja causa está na escassez do mais importante alimento do mundo: o afeto.

Vivemos hoje voltados para dentro de nós, tão absortos em nossas ambições, nosso trabalho, nossos problemas, que mal percebemos a existência de outros seres ao redor, de olhos postos em nós, na expectativa de uma palavra, um gesto de amor, uma atenção especial. Até nos lares mais felizes, e especialmente aí, o problema é sentido de forma mais aguda. País, filhos, avós, parentes, embora cumpram consciensiosamente suas obrigações e convivam em harmonia, na verdade estão afastados por falta de diálago diário, na suposição errônea de que sabem que são amados e não há por que mostrar.

De fato qualquer pessoa pode sentir-se solitária no meio de entes queridos se não estiver ligada aos seus pensamentos, suas idéias e emoções. Assim como o corpo requer suprimento diário para se manter forte, do mesmo modo a alma necessita renovar sua ração para manter-se firme, equilibrada e sadia.

Seu principal alimento é o afeto, as vitaminas de que se nutre chamam-se atenção, cortesia, consideração e presença. Ela, como os passarinhos, nutre-se de pequenas migalhas para ser feliz, que nada custam mas cuja falta a faz minguar e morrer. Precisamos dizer as pessoas que nos cercam, repetidas vezes, que pensamos nelas e que são necessárias para nós, pois todos só sentem-se bem quando são importantes para alguém.

Quanto mais auto-suficiente e dominador for o individuo, maior a carência de afeto, a necessidade de sentir-se amado. Quanto mais se avança na idade, mais dependente e sedento fica-se da atenção dos que nos cercam, de um gesto de carinho que a maioria das pessoas, mesmo amando é tão avara em dar. Todos somos como as crianças, que sem receio solicitam incenssantemente a atenção e a carícia dos pais.

Não há nenhum tônico do coração ou dos nervos, nenhuma receita em toda a medicina, que rejuvenesça mais, revigore e purifique a mente do que um ato de ternura. Um beijo espontâneo, uma frase sincera de elogio " Sinto-me tão feliz quando você está junto de mim" " Preciso tanto de você" " Não sei o que seria de mim sem você". São expressões que traduzem o que realmente sentimos, mas que raramente dizemos. É a melhor teraupêutica para uma vida longa, o mais eficaz preventivo que conheço para evitar enfartes, úlceras, derrames e outros males que abreviam nossa existência neste atribulado planeta.