segunda-feira, março 19, 2007

Izyldynha


Coitada da Izyldynha! (é assim mesmo que escreve, com ipysilão). Se já não bastasse namorar a dezessete anos com um viciado em tele-sena, ainda por cima tem uma chefa que é uma coisa! Pra falar a verdade, a mulher não fala coisa com coisa!

- Izyldynha, meu bem, pega essa coisa pra mim. – Ahh onde esta a coisa? – Cê viu a coisa que deixei aqui?

Depois de tantos anos, a Izyldynha já se acostumou e sabe de cor que o café, a calculadora, e o relatório de vendas são as tais coisas. Mas o pior mesmo é quando ela fala:

- Izyldynha minha querida. Depois você coloca a coisa em mim?

Essa é a pior das coisas que a mulher pede pra ela. Beirando os cinqüenta anos e com o IMC pela hora da morte (que a faz suar feito uma porca), ela já entrou na menopausa. Morando sozinha, só resta à pobre Izyldynha dar uma força pra véia e assim, colocar o patch (adesivo) de reposição hormonal na busanfa dela.

- Mais pra cá Izyldynha, mais pra cá que é pra ficar escondido debaixo da calcinha.

E como se não bastasse a humilhação de entrar e sair às duas juntas de dentro do banheiro, a chefa ainda pede que ela dê um tapinha para o adesivo colar melhor.

- E o tapinha Izyldynha? Não vai dar o tapinha?

Quem vê aquilo não acredita e vive perguntando por que a Izyldynha não arranja outro emprego. O caso é que a Izyldynha sempre esta de olho no celular da moda, e cada vez que consegue trocar de aparelho, à custa de um carne com dez prestações, já aparece outro modelo na praça. E lá vai ela se endividar tudo de novo...

Mas a Izyldynha não é boba não! Na verdade ela até tem um coração de ouro, mas nos últimos tempos, tem deixado ele em casa.

Ela resolveu que as pontas duplas do seu cabelo, a unha do dedão do pé e as cutículas dos dedos da mão iriam parar dentro do café da chefa! Se ela pedisse um café, ela serviria com o maior prazer, e com complemento.

E quando a chefa suspeita de algo errado na bebida, a Izyldynha já trata logo de desviar a atenção dela:

- O que é essa coisa aí atrás de você?

E enquanto procura pela “coisa” ela toma todo o seu café.

E assim os dias vão passando. Com a economia que tem feito no salão, Izyldinha já está até pensando em comprar um celular novo.

Pensando bem, de coitada a Izyldynha não tem nada não.