sexta-feira, janeiro 05, 2007


Eu tenho um amigo que é viciado em toques de celular. A vida dele é ficar procurando toques novos, e quanto mais ridículos ou esquisitos os toques, melhor.

Ele tem o toque do Bob Sponja. De uma baratinha que fala mais palavrões por segundo do que a gente possa imaginar e também tem a de um sujeito pra lá de afeminado. E sempre que a gente se encontra, ele vem logo mostrar as últimas novidades que ele conseguiu baixar na internet.

Bom, o último toque que ele baixou é simplesmente um horror. Quer dizer, é um horror, mas eu confesso que até achei engraçado. Esse toque nada mais é do que uma gravação tirada daqueles filmes impróprios pra menores, vulgos pornôs, onde a mulher berra mais que gata no cio.

Ele disse que não deixou esse toque como o oficial, digamos assim. Esse toque ele usa somente como alarme do despertador. Afinal, todo mundo concorda que não é nada agradável estar no trabalho, ou numa reunião com um cliente e de repente começar a ouvir o gemido ofegante de uma mulher vindo do seu celular.

Mas um dia...

Metro, sentido estação da Sé por volta das 7.30 da manhã. Quem conhece, sabe que esse é o horário de pico, e o metro vai apinhado de gente. O vagão vai tão cheio, que se duvidar, você nem precisa se segurar.

E lá estava ele, no meio do corredor, com os braços pra cima segurando nas barras. Ele estava usando uma daquelas calças cargo, com vários bolsos espalhados pelas pernas, quando começa a ouvir um ruído. Ainda meio sonado, a princípio ele nem percebeu que o som vinha do seu celular, que estava guardado num desses bolsos. Mas a mulher começou a gemer cada vez mais alto:

- Aaaaah, aaaaah, aiiii, iiisso, maissss - com a respiração bem ofegante.

Nessa hora ele se tocou que tinha esquecido de desligar o alarme. A sua primeira reação foi fazer um ar blasé, tipo - não é comigo, mas não teve jeito. A mulher gemia cada vez mais alto e as pessoas mais próximas a ele já começavam a procurar com os olhos pela ninfa maníaca que já estava em ação no metro àquela hora da matina.

Ele não sabe dizer como, talvez tenha sido o desespero daquele momento constrangedor, mas em questão de segundos ele baixou um dos braços e com um soco sobre o bolso da calça, conseguiu desligar o alarme.

Se ele aprendeu a lição? Não sei. Só sei que eu queria aquele toque pra mim. Mas só ia usar como alarme, é claro ;)