sábado, fevereiro 05, 2005

"Chiquita bacana lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica"


Eu confesso que não sou muito fã de carnaval, mas nessa época do ano é quase impossível não lembrar das marchinhas de carnaval que acompanharam muitos dos meus carnavais, tudo graças ao Lp, Samba, Suor e Ouriço que era o favorito do meu pai...

Enquanto o Ricardo anda dando umas bandas lá na terra do sol nascente, eu vou aproveitar pra colocar aqui uma crônica bem legal dele que o estadão publicou ontem.


Folia à paulistana

Está é a semana mais difícil do ano para São Paulo. De hoje até terça-feira, enquanto houver carnaval, São Paulo volta a viver dias de coadjuvante. E isso definitivamente não combina com a cidade mais importante do país.

O problema do carnaval paulistano não é a falta de animação e sim a falta de personalidade. Rio, Salvador e Olinda têm carnavais com identidade própria. Já o carnaval de São Paulo insiste em seguir o modelo carioca. Se nem o feijão de São Paulo é o mesmo do Rio, porque o carnaval teria que ser?

Para começo de conversa, tem algo em São Paulo que não deveria nem ser cogitado. Refiro-me a esse negócio de colocar uma multidão na avenida. Como assim? a pé? na avenida? os paulistanos não gostam sequer de frequentar a calçada das avenidas, quem dirá o asfalto. o paulistano não quer botar o bloco na rua: o que o paulistano quer é botar o carro na avenida.

Imagine só. Nos dias de carnaval, milhões de carros, todos fantasiados, tomariam as ruas e avenidas de São Paulo, numa manifestação espontânea de alegria que deixaria a Bahia com inveja.

Em vez de enfrentar engarrafamentos monstros para descer a Imigrantes, a Tamoios ou a Mogi-Bertioga, poderíamos nos divertir em engarrafamentos perto de casa. As rádios tocariam um ritmo inventado especialmente para o carnaval paulistano: o "jam".

Além do carnaval de rua, a cidade poderia manter o desfile oficial no Anhembi. Ali os carros desfilariam em agremiações compostas por alas - a ala dos blindados, a ala das peruas, a ala das Brasílias amarelas.

As comissões de frente viriam com malabaristas recrutados em faróis. Espalhados por entre os carros, abrilhantando o desfile, haveria pessoas alegóricas, gente como Hebe Camargo, Silvio Santos e Paulo Maluf. A bateria de cada agremiação teria pelo menos 400 carros hatch com a porta transeira levantada e os alto-falantes no talo. A ala dos motoboys ficaria o tempo todo zanzando pra cima, pra baixo e pros lados.

O júri seria composto apenas por amarelinhos da CET. Auxíliados, é claro, por centenas de radares móveis colocados nos pontos mais estratégicos do desfile.

Descobrir um formato autenticamente paulistano para o carnaval é uma tarefa tão urgente quanto regulamentar o novo plano diretor, despoluir o Tietê ou desentupir o túnel da Rebouças. Ziriguidum pra você também!

Ricardo Freire