domingo, março 13, 2005

Ontem de manhã eu acordei e fui dar uma espiada na rua pela janela da sala e dei de cara com uma macumba bem na esquina da minha casa. Duas coisas me chamaram a atenção. Primeiro é que, apesar de não ser uma expert em macumbas eu sempre ouvi falar que macumba deve ser feita numa encruzilhada e não numa esquina. Segundo que, toda macumba que se preze deve ter uma galinha, e essa só tinha uma tigela, umas velas pretas e uma garrafa de qualquer coisa quebrada. Eu ainda pensei cá comigo, embora eu não compartilhe com a idiotice dessa gente que acha que sacrificando um animal terá algum retorno na vida, como que eles podem reclamar que não tem sorte, se nem macumba sabe fazer direito! Larguei essa estória pra lá e fui cuidar da vida.

Mais tarde, no chão da minha cozinha, eu encontrei um estilete e um par de luvas de borracha e fui perguntar para o Rogério o que aqueles objetos estavam fazendo alí, aí ele me contou que quando estava chegando em casa do trabalho, por volta das 4:00 hs da manhã, ele estacionou o carro pra guardar na garagem e viu uma galinha deitada ao lado do despacho com as perninhas amarradas, mas quando ele desceu do carro, a pobre coitada levantou a cabeça, ou seja, ela estava viva. Ele guardou o carro, entrou em casa e pegou a luva e o estilete e voltou lá pra cortar o barbante que prendia as perninhas dela, e fez com que ela se levantasse. A pobre galinha ficou ali, meio atordoada talvez por conta do ritual que os idiotas tenham submetido ela. Ele deixou ela lá e entrou em casa. Mas estando aqui dentro, achou melhor voltar lá e colocar a galinha aqui no nosso quintal e esperar o dia seguinte pra ver o que a gente iria fazer com ela, mas nesse mesmo momento percebeu que tinha umas pessoas estranhas na rua e não achou muito seguro voltar lá, e no sábado quando a gente acordou, claro, nem sinal da galinha...

Agora ele ta aqui, cheio de remorso, achando que deveria ter voltado lá, e acreditando que a essa altura a pobre coitada já tenha ido parar em alguma panela. Será?