segunda-feira, novembro 06, 2006

Photobucket - Video and Image Hosting

O porta-retrato


Ester acordou cedo no dia seguinte. Demorou um pouco pra se ambientar, mas logo se lembrou de onde estava. Lembrou-se daquele palhaço que esbarrou nela no aeroporto, fazendo com que ela quase perdesse o voou. Lembrou-se das limusines pretas do aeroporto de Toronto e do seu primeiro encontro com a famosa CN Tower, que por três meses seria sua companheira matinal, já que a torre era a primeira coisa que ela via ao abrir as cortinas do quarto. E dando um pulo da cama se lembrou do sumiço do antigo baú da sua amiga Renata!

Ela ficou apavorada porque sabia que dali a algumas horas ela deveria estar no seu local de trabalho. Era seu primeiro dia como au pair e não pegaria bem chegar atrasada, embora esse não fosse o emprego dos seus sonhos. Depois da morte da tia Mariana era a única coisa que restava pra ela fazer. E depois de assistir A mão que balança o berço, concluiu que não tinha mistério nenhum em cuidar de crianças.

Lembrou-se da tia com ternura e de como as duas eram parecidas fisicamente. As duas tinham mais ou menos a mesma idade, e talvez isso justificasse tantos gostos em comum e tantas afinidades... Mas com a morte da tia, sua esperança em entrar para o glamuroso mundo da moda também se desfez.

Resolveu que procuraria pelo baú mais tarde, afinal ela ainda tinha três meses para isso. Correu para o banheiro para se aprontar quando deu um berro, achando que o gato Max tinha se afogado na privada, mas o pobre gato só estava ali matando sua sede matinal.

Enquanto tomava café foi conferir se o seu material psico pedagógico estava na maleta. Achou o CD da Xuxa e seus baixinhos, o dvd da Carla Perez Dançando na boquinha da garrafa, mas não conseguiu achar a coletânea do South Park. Paciência, seu primeiro dia como au pair seria sem a companhia do adorável Cartman e seus amigos.

Max estava todo espichado e dormia no sofá. Mas dele vinha um som estranho, que era muito mais que um ronronar de gatos. Ester se aproximou do bichano e pode jurar que ele sussurrava: Maaaaaamaaaaaaa Cooooooochaaaaaaaaa

Ester se lembrou da carta de Renata que dizia que Max era médium e da tal históra do espírito da Deusa Inca que estava preso dentro do baú e começou a gritar para o gato:

- Saíiiii espírito que esse corpo não te pertence!

Max levou um susto com a gritaria de Ester, e saiu correndo para a cozinha atrás da sua comida, mas diante do seu prato de ração, disse pra si mesmo num tom desolado:

- Ohh não, esqueceram de dizer pra essa maluca que eu só como lasanha!

No caminho para o trabalho, Ester começa ouvir alguém de longe gritando por um nome. Esse alguém gritava insistentemente, o que fazia com que todas as pessoas na rua, dirigissem o olhar em direção dele.

Sim era um homem. E sim, Ester tinha a impressão de conhece lo de algum lugar, só não se lembrava de onde. Ela entrou no ônibus, ele começou a andar e pela vidraça ela via que o rapaz corria em direção deles. Será que a pessoa com quem ele queria falar estaria ali dentro?

Enquanto tomava um chá sentada na sala de estar, esperando pelo pai das crianças que ela iria cuidar, um porta retrato grande com a foto de uma mulher sobre a lareira chama sua atenção.

Ela se levanta e vai até lá para ver melhor o rosto dessa mulher. Ela deixa a xícara cair no chão ao ver que aquela mulher era sua tia Mariana. Neste mesmo instante, um homem de cabelos grisalhos entra na sala.

Este é o quarto capítulo da blognovela: Ester, uma au pair.

O primeiro capítulo encontra-se no blog mãe, da Ana Lúcia

O segundo com a Vanessa, no Inconfidência Mineira

E o terceiro no Brogui do Serbão.

O quinto vai para Leila, do Stuck in Sac

Que Páginas da Vida o quê !!! Acompanhe a saga de Ester, uma au pair, que vocês não irão se arrepender :)



Um comentário:

Jôka P. disse...

Você é praticamente uma nova Janete Clair, Marcia !!!